Relatório da PF produzido em 5 de novembro deste ano mostra o doleiro
Alberto Youssef e o funcionário da OAS José Ricardo Nogueira Breghirolli
combinando uma entrega de dinheiro no fim de 2013 no endereço onde funciona a
empresa de propaganda
A Polícia Federal investiga a conexão entre o
esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato e uma empresa de
propaganda que já foi contratada para campanhas de PT, PSB, PSDB e DEM em 2010
–incluindo a de Dilma Rousseff e do então candidato petista ao governo de São
Paulo, Aloizio Mercadante (hoje na Casa Civil)...
Na segunda-feira (17),
investigadores interrogaram executivos presos na sétima fase da Lava Jato sobre
eventual vínculo da All Win Propaganda com a OAS, empreiteira acusada de
integrar o esquema de propina na Petrobras. Eles silenciaram.
Segundo a Folha apurou,
uma das suspeitas é de que a All Win seja empresa de fachada usada para lavar
dinheiro. Não é citada nenhuma correlação eleitoral até aqui.
O dono da All Win,
Marcelo France, disse à Folha "estar surpreso'' com a citação da empresa
na operação. Ele confirma ter prestado serviços
de produção de material gráfico
para campanhas, mas disse não se lembrar de quais.
Relatório da PF
produzido em 5 de novembro deste ano mostra o doleiro Alberto Youssef e o
funcionário da OAS José Ricardo Nogueira Breghirolli combinando uma entrega de
dinheiro no fim de 2013 no endereço onde funciona a empresa de propaganda. Os
dois estão presos.
A PF descobriu a
combinação ao interceptar troca de mensagens do dia 3 de dezembro de 2013 em
que Breghirolli pede ao doleiro que faça entrega de dinheiro no dia seguinte no
endereço do escritório da All Win, na rua da Consolação, em São Paulo.
O funcionário da OAS
disse que a entrega devia ser feita aos cuidados de uma mulher chamada Cíntia,
entre 10h e 12h. O dono da All Win confirmou à Folha que Cíntia era sua
secretária, mas negou conhecer Youssef ou alguém da empreiteira. Disse também
que não sabia de cabeça'' por que a entrega foi feita.
A data da entrega do
dinheiro coincide com anotação encontrada com o doleiro. Uma tabela com o
título de "money delivery" (entrega de dinheiro) indica que foi feita
uma remessa de R$ 110 mil em 4 de dezembro.
"Há concretos
indícios a indicar que a planilha exposta (...) seja o controle da movimentação
de valores realizada por Alberto Youssef para a OAS", escreve a PF.
Breghirolli mantinha
contato frequente com Youssef. Segundo os relatórios da investigação, ele
entrou e saiu do escritório do doleiro em São Paulo pelo menos 32 vezes entre
2011 e 2014. Ele esteve na empresa de Youssef por 1h48min no dia seguinte à
entrega de dinheiro no endereço da All Win.
Na eleição de 2010, a
All Win e a MPI Comunicação, outra empresa do mesmo sócio e que funciona no
mesmo endereço, segundo a Junta Comercial de São Paulo, emitiram notas fiscais
de prestação de serviços no valor total de R$ 2,8 milhões, de acordo com dados do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Entre as campanhas que
declararam ter contratado a All Win estão a do deputado federal Arlindo
Chinaglia (R$ 1,9 milhão), de Mercadante (R$ 299,5 mil), Dilma (R$ 120 mil), e
do então candidato a deputado federal Ricardo Berzoini (R$ 14,5 mil), hoje
ministro das Relações Institucionais.
Também contrataram a
empresa como fornecedora em 2010 Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), atual prefeito
de Santos, Ulisses Sales (PSD), suplente a deputado estadual e eleito à época
pelo DEM, e o ex-deputado estadual Valdeci Augusto Oliveira (PT-BA).
Usaram os serviços da
empresa-irmã da All Win o então candidato a deputado federal pelo PSB Gabriel
Chalita –hoje no PMDB– (R$ 313 mil) e o atual presidente do PT Rui Falcão (R$
73 mil).
Nos interrogatórios de
executivos e funcionários da OAS presos na sexta (14), o delegado Felipe
Hayashi perguntou sobre a remessa à empresa e as relações da empreiteira com a
firma para Berghirolli, Agenor Magalhães Medeiros (diretor da área internacional
da OAS) e José Aldemário Pinheiro (presidente da empreiteira). Eles
silenciaram.
A empresa aparece ainda
na lista de fornecedores da Petrobras. Em maio de 2009, foi contratada para
organizar seminário por R$ 100 mil.
Fonte: Portal UOL - ANDRÉIA SADI, BRUNO
BOGHOSSIAN E GUSTAVO URIBE. Foto: Internet