Por Laryssa Borges
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Delúbio
Soares, ex-tesoureiro do PT e condenado no processo do mensalão, deixa o Centro
de Progressão de Pena (CPP), onde cumpre pena em regime semiaberto, e vai para
seu trabalho na CUT nacional (Sérgio Lima/Folhapress)...
Ministério Público do Distrito Federal encaminhou
pedido à Justiça cobrando o fim das mordomias concedidas aos petistas no
presídio da Papuda.
As mordomias concedidas aos mensaleiros encarcerados
no Complexo Penitenciário da Papuda causaram mais uma baixa: Afonso Emílio
Alvares Dourado pediu demissão da diretoria do Centro de Progressão
Penitenciária (CPP), unidade que abriga os detentos que cumprem pena no regime
semiaberto e já obtiveram direito ao trabalho externo.
A saída de Dourado foi a segunda baixa no CPP em
menos de dez dias: o vice-diretor da unidade, Emerson Antonio Bernardes, foi
demitido do cargo no dia 19 depois de discordar dos privilégios concedidos ao
ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. Bernardes entrou em conflito porque o
mensaleiro mantém uma rotina diferenciada no
presídio – recusou-se a tirar a
barba (exigência para os internos), recebe visitas fora do horário permitido e
tem um motorista da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que estaciona o carro
no pátio da penitenciária.
Conforme revelou VEJA desta semana, o ex-tesoureiro
petista detém forte influência no CPP. Os benefícios, considerados irregulares
pelo Ministério Público do Distrito Federal, incluem até refeições especiais,
como feijoada aos finais de semana, o que é proibido para todo o restante da população
carcerária. Outro exemplo da influência de Delúbio dentro do CPP ocorreu quando
o petista teve sua carteira roubada. Ele chamou o chefe de plantão, que
determinou que ninguém deixasse a ala do centro de detenção até que a carteira,
os documentos e os 200 reais em dinheiro fossem encontrados.
Nesta terça-feira, o MP encaminhou pedido para que o
governador Agnelo Queiroz (PT), companheiro de partido dos mensaleiros, acabe
com os privilégios aos condenados que cumprem pena na Papuda. Se não houver resposta
satisfatória do governo local, os promotores querem que o Supremo Tribunal
Federal (STF) determine a transferência dos condenados para penitenciárias
federais, onde o tratamento seria bem diferente.
Para o Ministério Público, as irregularidades em
favor dos mensaleiros, além de impedir que todos os condenados sejam tratados
de forma igual, provocam um componente ainda mais preocupante: o risco de
rebelião. Por determinação judicial, as regalias que os mensaleiros cultivavam
clandestinamente no sistema prisional do DF deveriam ter sido suspensas no
final do ano passado. Mas as decisões judiciais, segundo o Ministério Público,
foram descumpridas, permitindo que os mensaleiros continuassem com os
privilégios mesmo atrás das grades. “Não pode o Ministério Público ficar
inerte, sobretudo após a constatação de descumprimento reiterado de decisões
judiciais que expressamente determinaram a observância do princípio
constitucional da isonomia”, diz trecho do pedido do MP à Vara de Execuções.
100 anos de perdão
Condenado a oito anos e onze meses de prisão por
formação de quadrilha e corrupção, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares está
cumprindo parte de sua pena em regime semiaberto no Centro de Progressão
Penitenciária. Trabalha durante o dia como assessor da CUT, em Brasília, e
dorme na cadeia. No mês passado, sua carteira, contendo 200 reais, foi furtada
dentro do presídio. O perrengue, porém, não durou muito. Diante da pressão dos
carcereiros, o ladrão decidiu devolvê-la — intacta
Fonte: Revista Veja - 26/02/2014