quarta-feira, 13 de março de 2013

"Vamos dobrar o valor do BRB nos próximos anos"


Essa é apenas uma das metas do novo presidente do Banco de Brasília; Paulo Roberto Evangelista trouxe toda sua experiência bancária para dar mais "competitividade" e "agressividade" ao BRB

Há menos de dois meses no Banco de Brasília, Paulo Roberto Evangelista já se sente confortável na presidência do BRB. Ele fala de modo seguro, sem deixar de ser incisivo, da situação atual da instituição e das metas e planos para curto e longo prazo.

Para ele, a meta de "dobrar o valor" da instituição é "factível", ou seja, passar o ativo de quase R$ 10 bilhões para R$ 20 bilhões. E enfatiza que o BRB tem lugar "garantindo" no salto que a região Centro-Oeste vai dar, nos próximos anos, em termos de desenvolvimento econômico. ...

Paulo Roberto Evangelista trouxe do Banco do Brasil seus mais de 30 anos de
experiência no ramo, e também o espírito "competitivo" e "agressivo" necessários para enterrar de vez a posição de banco como "pagador de servidores públicos locais".

Depois de anunciar um dos melhores resultados da história do BRB, como o lucro líquido de R$ 215,4 milhões (crescimento de 124,4%) e o patrimônio líquido de R$ 946 milhões (alta de 10,9%), ele conversou com o Brasília 247, na sede da instituição.

Brasília 247 - O que os resultados de 2012 demonstram? O BRB deixou completamente pra trás a imagem de banco que apenas paga os servidores do GDF?

Essa imagem já ficou completamente pra trás. O BRB cada dia mais vai fazer bem esse papel. Mas também vai atender bem o servidor, o cliente espontâneo, a empresa, o microcrédito, o produtor rural. Vamos atender todo mundo bem. E os números do ano passado demonstram isso, com o lucro líquido de R$ 215,4 milhões, em crescimento de 124,4%, patrimônio líquido de R$ 946 milhões, uma alta de 10,9%, e a carteira de crédito que já é de R$ 6,38 milhões.

Brasília 247 – Os bancos privados têm reduzido os juros da mesma forma que os bancos públicos federais (Banco do Brasil e Caixa Econômica). Como isso ocorreu no BRB?

O BRB acompanhou o mercado e até saiu na frente. Como a nossa maior base é de pessoas físicas, esses clientes foram os mais beneficiados. Conseguimos atrair mais clientes, até de pessoas que ainda não eram vinculadas ao banco, por conta das taxas vantajosas. Houve uma expansão grande no BRB, enquanto o mercado cresceu 16%, o BRB cresceu 30%. E a inadimplência está controlada nos últimos anos, com tendência de queda.

Brasília 247 – Existe um discurso de que os bancos públicos estão muito agressivos na concessão de crédito. Como o senhor avalia vê essa colocação?

Nós vamos ser agressivos em qualquer produto, não só na concessão de crédito. Operação de banco se chama concorrência e quanto mais agressivo, mais rápido e melhor você conquista seu cliente. A agressividade pode ser entendida de uma outra forma. O BRB, por exemplo, está investindo pesado em tecnologia, nas reformas das nossas agências, na ampliação da nossa rede.

Brasília 247 – A portabilidade bancária (que permite que os servidores públicos recebam os salários em outra instituição bancária) trouxe perdas para o BRB?

As perdas estão absolutamente controladas. E estamos tomando uma série de medidas para fazer com que esse cliente permaneça na instituição. Estamos abrindo agências em lugares que ainda não tem, estamos oferecendo novos produtos. Nossos produtos de seguridade e cartões de crédito já são altamente competitivos. Estamos investindo R$ 150 milhões nos próximos dois anos para garantir que teremos tecnologia de ponta em 2014.

Brasília 247 – O BRB ter uma seguradora própria é um dos seus projetos?

É só você perguntar para qualquer corretor se um dia ele quer virar segurador. Eu tenho que colocar isso no meu porfólio de sonhos. Hoje eu tenho 550 mil clientes, se amanhã eu achar uma parceria boa na área de seguros, que me oferece uma condição boa, porque que eu vou ficar sendo apenas corretor? A discussão sobre a possível venda do BRB já passou. Hoje a instituição vai se inserir e chegar muito próximo dos bancos grandes.

Brasília 247 – E a expansão do BRB para outras cidades e para o próprio Centro-Oeste?

Maior que nossos passos aqui no Centro-Oeste só o Bernardo Sayão [engenheiro que desbravou Brasília na época da construção] deu. Hoje nós temos agências em sete cidades de Goiás [Águas Lindas, Anápolis, Goiânia, Formosa, Luziânia e Valparaíso], além de Cuiabá [Mato Grosso] e Campo Grande [Mato Grosso do Sul]. E temos projetos de ampliar mais ainda para Catalão, Aparecida, Rio Verde, Itumbiara.

Brasília 247 – E como funciona essa expansão no Centro-Oeste?

Hoje o BRB é o único banco oficial do Centro-Oeste. Os outros (Banco de Brasil e Caixa Econômica) são federais. Não precisamos transformar o BRB no banco do Centro-Oeste, mas criar uma carteira forte de desenvolvimento que vai fazer o papel do banco no Centro-Oeste por meio do Fundo do Centro-Oeste. E aí eu vou levar junto a previdência, a capitalização, o cheque-especial, o consignado, o investimento.

Brasília 247 – Já é possível usar os recursos do Fundo do Centro-Oeste?

Sim. Mas hoje o movimento principal é pela sanção do projeto de lei pela presidente Dilma Rousseff. Aí vamos poder trabalhar, sem ser concorrente do Banco de Brasil e da Caixa Econômica. Nós vamos fazer uma atuação complementar.

Brasília 247 – E a questão da profissionalização dos funcionários do BRB?

Contratamos uma consultoria que já está com 97% do trabalho concluído. Vai ser um diagnóstico da nossa situação em TI. Temos um projeto de ter mais diretores, comitês irrigados, onde os projetos vão andar com mais rapidez. Vamos dar mais corpo à organização para colocar o BRB em uma linha mais agressiva. Vamos ter times especiais para cuidar de cada área. Esse projeto vai ser apresentado ao Conselho de Administração e também na próxima Assembléia Geral.

Brasília 247 – E a parceria Global Payment? Que posição o BRB vai assumir a partir disso?

O BRB vai entrar com sua rede, com seus clientes e sem dinheiro, inicialmente. A Global Payment vai entrar com sua tecnologia e seus equipamentos. Agora, vamos atuar também nas fases de processamento, captura e liquidação dos negócios realizados. Vamos entrar para ser a sexta empresa no negócio da máquina de cartões. Nós vamos entrar no mercado para concorrer para valer.

Brasília 247 – Nesta quinta-feira 14, o governador Agnelo Queiroz vai à Washington e o senhor está na comitiva. O que vai ser discutido nos Estados Unidos?

Nessa viagem espero poder mostrar a realidade do BRB aos investidores. Espero que o governador Agnelo Queiroz, que é hoje o controlador do BRB [o GDF possui 95% das ações da instituição]. É uma decisão do governador vender essas ações, abrir o capital, e atrair novos investidores. A decisão não é minha, mas te digo que nós temos que preparar o banco para isso. Até porque para o Tesouro ser dono ele não precisa ter 95%, ele pode ter 55 ou 56%. Em algum momento vamos ter que discutir esse dinamismo do mercado. Precisamos fazer essa captação. E é o que vamos fazer em Washington. Acho que o Agnelo vai falar isso, que o governo está trabalhando para fortalecer e dobrar o valor do banco.

Brasília 247 – E as metas para 2013?

As medidas que estamos tomando estão dando um peso para o BRB. Estamos mostrando um caminho diferente. Vamos dobrar o valor do BRB nos próximos anos. Ou seja, vamos passar dos atuais R$ 9,76 bilhões para cerca de R$ 20 bilhões. Não tenho a menor dúvida disso. É uma meta factível.

Por Juliane Sacerdote
Fonte: Brasília 247 - 13/03/2013