Titular da pasta considera que salas de aula são lugares ideais para estudantes estarem neste momento. Além disso, lista quais medidas a pasta adotará para evitar prejuízos ao ensino na pandemia
A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press) |
Os dados
"muito bons" referentes à situação da covid-19 no Distrito Federal
tornaram o momento apropriado para o retorno 100% presencial das aulas. É o que
acredita a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá. Nessa quarta-feira (3/11),
no programa CB.Poder — parceria do Correio com a TV
Brasília —, a chefe da pasta destacou que as escolas estão prontas desde
agosto, quando houve retomada gradual e escalonada das atividades na rede
pública. Agora, o órgão pretende mirar a questão da evasão escolar e do
desequilíbrio no aprendizado devido às discrepâncias para acesso ao ensino
virtual. Leia os principais trechos da entrevista concedida à jornalista Ana
Maria Campos.
As
escolas públicas retornam às aulas 100% presenciais. Qual foi a situação que a
senhora encontrou nas visitas a elas?
Encontrei um momento de muita alegria. Depois de quase dois anos — estamos desde março de 2020 sem aulas —, em agosto, retornamos alternando (os alunos semanalmente). Hoje (quarta-feira), as turmas encontraram os colegas. Os estudantes estavam eufóricos. A escola é o lugar ideal para eles estarem neste momento. Visitei cinco no Gama, do jardim de infância ao ensino médio. Em todos os lugares, era o mesmo sentimento de alegria pelo retorno ao colégio.
A
senhora acredita que chegamos a um ponto da pandemia em que dá para as pessoas
conviverem mais próximas?
Os
dados são muito bons. Temos tido todo o cuidado e muita preocupação com a
questão da segurança do profissional da educação. As escolas têm cumprido todos
os protocolos de segurança. No momento em que a criança chega à porta do
colégio, é verificada a temperatura corporal. Há lavatórios desde os mais
pequenos, para o jardim de infância, até os mais altos, a depender da idade da
criança; além de álcool gel em todas as áreas internas e externas da escola. Os
colégios estão preparados para receber estudantes e professores com segurança
desde agosto.
Dentro
de casa, nas aulas virtuais, os estudantes aprenderam?
Infelizmente,
nós não temos a aula dita virtual, aquela que síncrona, em que o professor
ministra o conteúdo, e o estudante, em casa, acompanha pelo computador ou pelo
telefone. Em todas as escolas, temos uma série de problemas de internet. E, na
área rural, é muito difícil. O que consideramos (ter) no DF é uma aula remota
mediada por tecnologia: o professor faz vídeo com a matéria e manda para o
estudante por WhatsApp ou leva material impresso. Então, não teve uma única
forma. E o resultado (do ensino remoto) vai ser diferente por isso. Algumas
escolas que tinham tecnologia mais avançada vão avançar mais do que as que não
tiveram. Nesse trabalho de reforçar o que foi mais penalizado, vamos ter de
fazer uma intervenção bem pesada.
Como
foi a negociação com o Sindicato dos Professores?
Em
relação à intenção deles de fazer a paralisação e à firmeza da secretaria (de
Educação) em manter as aulas, eles alegam exatamente a questão da segurança.
Mas não temos mais como esperar; os alunos precisam retornar à rotina. Hoje, o
estudante fica cinco dias na escola e nove em casa. Essa quebra de rotina é
ruim em todos os sentidos, principalmente no processo de aprendizagem, que é
interrompido. Na semana que ele fica em casa, a aula é uma aula remota,
assistida por tecnologia. Na realidade, ele leva a atividade da escola para
fazer em casa, não é aquela aula como é para ser: com todo mundo junto
discutindo e debatendo. E isso é muito importante.
No
caso da evasão, com o retorno de todos os alunos, será possível avaliar se as
crianças estão fora da escola?
Infelizmente,
temos alguns dados levantados, principalmente de crianças em situação de
vulnerabilidade social — como meninos do ensino médio que foram trabalhar
porque o pai ficou desempregado. Muitos (estudantes) recebem o Bolsa Família e
outros (benefícios de) programas sociais, mas acabou que eles não retornaram à
escola, porque a presença escolar era fundamental para recebimento da pecúnia.
Isso foi retirado, então, eles abandonaram a escola. Agora, vamos fazer uma
busca ativa para trazê-los de volta. Esses alunos precisam estar no ambiente
educacional.
Fonte: Correio Braziliense