Corregedoria
do TJDFT informou estar atenta às questões de segurança
Um
oficial de Justiça ficou preso dentro de uma casa, em Taguatinga, após sofrer
diversas ameaças de morte enquanto tentava cumprir uma ordem judicial. A missão
de Ivan de Jesus Rodrigues era ir até a residência de Ariston Aires da Silva,
52 anos, e avaliar os itens da família, que seriam penhorados para saldar uma
dívida de R$ 15.198,10, em nome de Elisberia Silva dos Santos Aires, mulher de
Ariston. Porém, quando Ivan chegou ao local, ele foi puxado portão adentro e
ficou cerca de 20 minutos trancado na garagem, ouvindo xingamentos e
intimidações.
Quando
conseguiu ser liberado, após conversar com o Ariston e pedir para ele
destrancar o portão, o servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
dos Territórios (TJDFT) chamou a polícia. O caso foi registrado na 21ª
Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde acabou qualificado apenas como
constrangimento ilegal, injúria e desobediência. “Achei péssimo, porque o cara
me ameaçou de morte durante o meu trabalho, me trancou na casa dele e só
precisou assinar um documento para sair. Como se nada tivesse acontecido”,
reclamou Ivan. O delegado-chefe da 21ª DP, Alexandre Nogueira, disse que os
casos envolvendo oficiais de Justiça são raros. “Pode
acontecer com todo mundo.
Eles estão cientes das dificuldades da profissão quando prestam o concurso”,
afirmou.
O
presidente da Associação dos Oficiais de Justiça do Distrito Federal
(Aojus-DF), Gerardo Alves Lima Filho, acusa o TJDFT de omissão, e pede que os
colegas de profissão participem de pedido judicial contra a União Federal,
requerendo indenização por danos morais a todos os colegas vítimas de
violência. “Diante de tantos crimes, não podemos deixar que isso continue sem
resposta. Trabalhamos de um jeito arcaico, que funcionava com eficácia 30 anos
atrás. Precisamos nos modernizar”, disse.
Na
semana passada, o oficial de Justiça Antônio Silvoney teve o veículo roubado na
Quadra 303 de Samambaia. Ele estava em serviço. O Ecosport foi levado por dois
bandidos armados, que aproveitaram para pegar o celular e os documentos dele.
Há 10 anos, a oficial de Justiça Terezinha Vieira de Souza, 51, foi assassinada
na Quadra 617 de Samambaia. Eram 12h30 de 27 de março de 2006, quando dois
bandidos atiraram na cabeça da vítima.
A
Corregedoria do TJDFT informou estar atenta às questões de segurança e busca
soluções para os casos de violência contra oficiais de Justiça.
Depoimento
“Ataque
agressivo”
“Eu
tive muito medo lá dentro. Nunca me deparei com uma situação tão agressiva e
fiquei sem saber como agir. O cara me chamou para dentro (da casa dele) de
maneira intimidadora, e, quando eu vi, estava preso na garagem. Ficou
impossível fugir. Falei que preferia ir embora, mas o Ariston ficou me
xingando, fez ameaças. Teve uma hora em que saiu de perto como se fosse buscar
alguma coisa, talvez uma arma. Eu fiquei desesperado e disse que chamaria a
polícia. Senti agonia. O cara me pegou como se eu fosse qualquer coisa, um
lixo. Eu sou um agente do Estado, estou a favor da lei, representando o
Judiciário. A nossa atividade, infelizmente, dá margem para que aconteçam
coisas assim.
Ivan
de Jesus Rodrigues, 39 anos
Fonte:
CORREIO BRAZILIENSE
