
Agnelo apanhou de novo. E começou a
sangrar. Quem bateu desta vez, com os pés firmes no chão, foi o senador Rodrigo
Rollemberg (PSB), que concorre ao Palácio do Buriti no pleito de outubro em
aliança com a Rede de Marina Silva, o PDT de Cristovam e Reguffe e outras
legendas de menor expressão.
Leia trechos do pronunciamento do
senador Rodigo Rollemberg, na quinta-feira 17, no Senado:
Referindo-se
à visita feita ao Sol Nascente: É impressionante a situação de abandono em que
vivem aquelas famílias, aquelas
milhares de famílias. Pelos dados oficiais, já
são 80 mil moradores. E há projeções de que esses números são subdimensionados
e de que, na verdade, temos quase 100 mil moradores naquela região.
É
impressionante o apagão de gestão que vive o Distrito Federal; é impressionante
a incapacidade do Governo do Distrito Federal de fazer o trivial da
responsabilidade de quem está no Governo. As pessoas ficaram impressionadas com
a quantidade de lixo nas ruas, na avenida principal. É impressionante ver os montes,
e montes, e montes de lixo na avenida principal por falta de coleta regular.
O Sol
Nascente, é o retrato do Governo do Distrito Federal hoje.
É
impressionante como um governo chega ao seu final, ao seu crepúsculo, deixando
uma comunidade, em plena Capital da República, naquelas condições. Os dados são
chocantes e precisam ser anunciados publicamente para demonstrar, de forma
cristalina, o apagão de gestão que vivemos no Distrito Federal.
Apenas
6,1% do total das residências do Sol Nascente possui ligações com as redes de
esgoto. Olha, é importante registrar aqui a incompetência deste Governo e dos
governos anteriores, porque ainda era Deputado Federal, quando apresentamos
emendas de bancada, com recursos para a infraestrutura do Sol Nascente. E apenas
6,1% das residências daquela comunidade, a 35km do Palácio do Planalto, possuem
ligações com rede de esgoto; mais da metade daquela comunidade, 54,15%, não tem
serviço de limpeza urbana; e 94% das ruas estão sem pavimentação; ou seja, além
de não haver coleta regular de lixo em mais da metade das residências do Sol
Nascente, 94% das ruas, portanto quase a cidade inteira, está sem pavimentação.
Está
demonstrada a corrupção das prioridades do Governo do Distrito Federal, que
teve recursos para construir um estádio de R$2 bilhões, mas não tem recursos –
o que custaria muito menos que isso – para promover a infraestrutura e o
saneamento básico de uma comunidade com quase cem mil habitantes. A condição
das vias é tão precária que prejudica a passagem de carros, de motos, de
viaturas policiais, dos caminhões de lixo e até dos ônibus escolares. Muitas
vezes, as crianças têm dificuldades para se deslocarem para a escola e quase a
grande parte da comunidade tem que ir à escola, na cidade de Ceilândia ou em
outras cidades, porque, no bairro Sol Nascente, existem pouquíssimas escolas,
há apenas três escolas, e não há nem uma creche pública na comunidade do Sol
Nascente.
Na Rua
2, em que está concentrada boa parte do comércio local, lojistas e moradores
reclamam que o asfalto está tão desgastado – a pequeníssima parte asfaltada –
está tão ruim e tão desgastado que é praticamente impossível trafegar por ali
sem invadir a pista contrária, e, muitas vezes, há crateras cheias de água,
quando está chovendo, muita lama, quando está chovendo, o que complica, de
forma bastante significativa, o trânsito naquela localidade.
Acho que
as pessoas que chegam a Brasília, ligam a televisão e assistem às propagandas
milionárias do Governo do Distrito Federal, querem morar na propaganda do
Governo do Distrito Federal. Acho que morar na propaganda do Governo do
Distrito Federal seria uma maravilha, porque, na propaganda do Governo do
Distrito Federal, a saúde é uma maravilha, existem escolas em tempo integral, o
Governo está fazendo creches.
É
impressionante como um governo tem coragem de gastar bilhões de reais para ir à
televisão, ao final de seu governo, para dizer que construiu 18 creches, e nem
todas estão funcionando. Isso em uma cidade que tem 120 mil crianças de 0 a 5
anos fora da creche ou fora da educação infantil. É esse o Governo do Distrito
Federal: gasta uma fortuna – uma fortuna! – para dizer que está construindo 18
creches em uma cidade que tem 120 mil crianças fora de creches.
Agora,
vejam, nesse estádio que custou R$ 2 bilhões – eu já denunciava isso há algumas
semanas –, os auditores do Tribunal de Contas do Distrito Federal já apontavam
um superfaturamento de R$ 431 milhões. É importante dizer que, com R$ 431
milhões, só com o superfaturamento já apontado no estádio, daria para construir
172 creches com educação infantil e com tempo integral.
Mas é
impressionante – é impressionante! – o descaso com a coisa pública.
O
Governo diz que há educação de tempo integral em tantas escolas, na verdade,
são algumas turmas, em algumas escolas. Algumas têm tendas que ficam do lado de
fora e têm algumas atividades em um período diferente, completamente diferente
do que deve ser a concepção de uma educação integral em tempo integral.
Mas o
que é uma afronta à população de Brasília é a mentira trazida por uma
publicidade que, além de ser equivocada do ponto de vista da concepção da
publicidade, é mentirosa, mente para a população de Brasília. E, quando eu digo
que há um equívoco de concepção, é porque, no nosso entendimento, a publicidade
institucional, como o nome já diz – institucional –, deve ter o caráter
educativo, deve ter o caráter mobilizador para transformar hábitos da população
no sentido de que tenham melhores hábitos que garantirão uma melhor qualidade
de vida.
O que
nós vimos no Sol Nascente é a ausência de política pública. É a ausência de
governo. É a ausência de governador. É um apagão completo na gestão pública.
Nós não
podemos mais viver numa cidade de tantas diferenças sociais, em que poucos têm
muito e muitos têm muito pouco ou têm quase nada. Nós temos que garantir que as
oportunidades e os serviços que temos no Plano Piloto sejam oferecidos a todas
as cidades de Brasília, dando igualdade de oportunidades a todos os
brasilienses, onde quer que eles estejam.
Fonte:
Notibras