quinta-feira, 6 de junho de 2013

Artigo: 'Sem a muleta que sustentou seu mandato, o futuro de Agnelo a Deus pertence em 2014'

(Foto: Divulgação)
São muitas as vozes que acreditam que o governador Agnelo Queiroz não reunirá forças suficientes para garantir sua reeleição. Não bastassem à falta de reação do governo aos anseios da população e a comprovada ineficiência gerencial que tropeça e cai diante de cada nova denúncia de desleixo no trato público, o governador perde, a partir de agora, a muleta que o manteve de pé ao longo de seu mandato: a obra do Estádio Nacional.

Longe de surpreender por suas qualidades tecnológicas e arquitetônicas, o Estádio exibe suas colunas fincadas no esbanjamento de recursos que
seriam tão melhor gastos na solução dos problemas da educação, segurança, transporte e principalmente da saúde pública. De legado, a princípio, cabe prever apenas a longa discussão sobre sua real necessidade.

Isolado e sem sua muleta, Agnelo alimentará o imaginário político do DF com um farto banquete de possibilidades a respeito do seu futuro. Seria ingênuo considerar que o governador não dispõe de habilidades políticas que lhe permitam desenhar um cenário favorável e honroso para si próprio. Longe disso. Agnelo construiu sua chegada ao Buriti dando um banho de charme e simpatia que foram fundamentais para conduzir um PT desconfiado a uma aliança com o até então arqui-inimigo PMDB, dando mostras, portanto, do seu traquejo político.  No entanto, o momento é outro.

Dificilmente a máquina partidária petista do DF dará seu aval para que o governador Agnelo tente sua reeleição em 2014. Se houve disputa interna na época em que o universo conspirava a seu favor, imagine agora que esse mesmo cosmos cospe desaforadamente meteoros de todos os tamanhos em sua direção?

O principal líder peemedebista no DF, o atual vice-governador Tadeu Filipelli, cria em torno de si e somente si a perspectiva de poder aos grupos políticos mais variados, inclusive aqueles que ele próprio ajudou a derrotar nas últimas eleições. Impressiona a habilidade de Filipelli, que mesmo fazendo parte desta caótica administração, consegue dissociar seu nome do fracasso da gestão que começou como o “Novo Caminho” e que hoje é apenas chamado governo Agnelo Queiroz.

Caso se mantenha em nível nacional a aliança entre o PT e PMDB, com a repetição da chapa Dilma/Temer para 2014, sem dúvidas há uma enorme chance de que também se repita a composição partidária no Distrito Federal, entretanto, não se pode garantir a repetição da mesma chapa ou até mesmo a definição de qual partido será a cabeça.

Não seria absurdo considerar, em razão da reconhecida sensibilidade política de Agnelo Queiroz, que o governador possa atuar como o principal elemento catalisador da aliança PT/PMDB, que por sua vez já dá sinais de andar por um fio em alguns estados, especialmente no Rio de Janeiro.

Nesse contexto, uma hipótese seria a saída de cena de Agnelo Queiroz em favor de Tadeu Filipelli, reforçando, portanto, os alicerces da aliança dos partidos, na medida em que equilibraria a balança num eventual rompimento do compromisso do PT com o governador do Rio, Sérgio Cabral, do PMDB, que vê reduzidas a pó as chances de eleger o seu vice, Pezão, num confronto direto com o senador Lindbergh Farias do PT.

Como havia dito no início, a fragilidade política de Agnelo Queiroz propicia a análise de um leque de possibilidades quanto ao seu futuro eleitoral. Essa é apenas uma delas.


Por João Zisman

Fonte: Guardian Noticias