O Instituto de Arquitetos
do Brasil (IAB) iniciou ontem uma campanha de repúdio à contratação, pelo
governo de Agnelo Queiroz no Distrito Federal, da empresa Jurong Internacional,
de Cingapura, para planejar o entorno de Brasília pelos próximos 50 anos. Em
ato na sede do IAB no Rio - que ontem ganhou o nome de Casa do Arquiteto Oscar
Niemeyer -, entidades de arquitetura, urbanismo e engenharia se manifestaram
contrárias ao plano. Segundo Sérgio Magalhães, presidente do IAB, os
principais questionamentos se referem à contratação da empresa, por US$ 4,25
milhões, sem que houvesse licitação e uma discussão aprofundada com a
sociedade: ...
- Este é um ato de defesa da cultura brasileira e da democracia. Pretendemos iniciar aqui uma campanha nacional contra esse projeto. Brasília é
No ato, que foi chamado de "Niemeyer, sim! Brasília by Cingapura, não!", Magalhães apresentou o projeto básico do plano. Segundo esse plano, a empresa ficaria responsável por fazer estudos e análises para o desenvolvimento econômico do Distrito Federal. E proporia, por exemplo, projetos estratégicos para a região que incluíssem questões como uso do solo e infraestrutura viária.
Magalhães disse que o IAB entrará com uma representação no Ministério Público e acionará o Conselho Nacional de Procuradores de Justiça contra o projeto. E informou que o instituto já se articula com o Senado e a Câmara dos Deputados para tentar impedir que o plano avance. Outras entidades
Magalhães disse que o IAB entrará com uma representação no Ministério Público e acionará o Conselho Nacional de Procuradores de Justiça contra o projeto. E informou que o instituto já se articula com o Senado e a Câmara dos Deputados para tentar impedir que o plano avance. Outras entidades presentes ao ato manifestaram preocupação, como a Federação Panamericana das Associações de Arquitetos, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o Clube de Engenharia e representantes de universidades e sindicatos. O bisneto de Oscar Niemeyer, Carlos Ricardo Niemeyer, diretor da Fundação Oscar Niemeyer, afirmou que a própria família do arquiteto - que projetou Brasília com Lúcio Costa - foi surpreendida:
- O Oscar tem obras no exterior. Nunca foi contra ter arquitetos estrangeiros. Mas o problema é o processo como se dá nesse caso de Brasília, uma cidade que é um Patrimônio da Humanidade, que tem toda uma forma de organização própria. Sem dúvida existe uma preocupação, e não é pelo fato de vir uma empresa estrangeira, mas por não ter acontecido uma discussão.
No fim de novembro, no XXIV Congresso Panamericano de Arquitetos, em Maceió, o plano para Brasília já tinha dominado as discussões. Na ocasião, foi assinado um documento de repúdio à parceria com a Jurong que seria enviado à Unesco.
Por
Rafael Galdo
Fonte:
O Globo - 15/12/2012
