A hipertermia pode causar desmaios, convulsões e até morte. Saiba como
protegê-los do calor intenso.
“A hipertermia é o
problema mais comum — e o mais grave — para cães e gatos no verão”, diz o
veterinário Marcelo Quinzani, diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care,
em São Paulo. Como eles não transpiram, a respiração é a única forma de
controle da temperatura do corpo. No verão, porém, o ar quente e úmido
prejudica esse mecanismo. Resultado: o animal ofega na tentativa de
intensificar a troca de calor. “O risco é ainda maior para animais obesos, para
cachorros com pelagem densa, como bernese e husky siberiano, e para as raças
braquicefálicas — aquelas de focinho curto —, como os cães boxer, buldogue e
pug e os gatos persas, que já respiram com dificuldade em condições normais”,
explica Mário Marcondes, diretor clínico do Hospital Veterinário Sena
Madureira, em São Paulo. Veja, a seguir, os cuidados para prevenir a
hipertermia no animalzinho.
Em casa
Nada de deixar o animal no
quintal constantemente ensolarado ou fechado no apartamento abafado. Sombra (em
ambientes arejados) e água fresca são questão de
sobrevivência para cães e
gatos. Troque a água do bebedouro várias vezes ao dia e certifique-se de que o
pote não fique exposto ao sol em nenhum momento — afinal, quem gosta de água
morna? Vale até acrescentar umas pedrinhas de gelo ao bebedouro. Para os gatos,
que preferem água corrente, um bebedouro eletrônico pode estimulá-los a ingerir
mais líquido ao longo do dia. Dica dos especialistas: borrifar água no dorso e
nas patinhas ajuda a resfriar o animal. Se ele ficar ofegante, enrole-o em uma
toalha molhada com água fria e deixe-o por um tempinho em frente ao
arcondicionado ou ventilador. ...
NO CARRO
Cachorros são loucos por
passeios de carro, certo? O problema é que essa excitação também atrapalha o
processo de resfriamento do corpo. Portanto, nos dias muito quentes, o
ar-condicionado deve permanecer ligado durante todo o trajeto — e, de
preferência, evite viagens longas durante o dia. Outra recomendação dos
veterinários: nunca, em hipótese alguma, deixe o bicho preso no carro, nem com
uma fresta do vidro aberta e sob uma árvore. Mesmo na sombra, a temperatura no
interior do veículo sobe rapidamente, e o animal pode desmaiar ou até morrer em
meia hora.
PASSEIOS
Cães são leais e nunca
recusam um convite do dono para passear, mas se vivessem sozinhos na natureza
jamais sairiam da toca sob o sol escaldante. Não é necessário suspender as
caminhadas diárias, claro, mas o ideal é reduzir o percurso e restringir os
horários das saídas: antes de 10 horas e após as 18 horas. Prefira locais
gramados — o asfalto quente pode queimar os coxins, aquelas almofadinhas das
patas — e leve água em bebedouros portáteis. A dica das borrifadas de água fria
no dorso também se aplica aos passeios. E respeite os limites do cão:
interrompa o passeio do animal ofegante, que tenta fugir do sol em busca das
áreas sombreadas. Por fim, cães agressivos devem usar focinheira de ferro, um
modelo que não impede a abertura da boca. E atenção! Passear com cães de
focinho achatado nos dias quentes, com focinheira fechada, é meio caminho
andado para uma hipertermia severa.
ANTIPULGAS
Com a proliferação de
parasitas no verão, os especialistas recomendam a aplicação de produtos que
protegem o animal de pulgas e carrapatos a cada três semanas. “Evite dar banho
dois dias antes e dois dias depois da aplicação do produto”, ensina o
veterinário Mário Marcondes.
BANHO E TOSA
As salas de banho e tosa
das pet shops são ambientes propícios para a hipertermia: o stress prejudica a
respiração do animal e, com os secadores ligados o dia inteiro, a temperatura
fica sempre elevada. Evite os horários de pico do calor e mantenha o pelo dos
animais mais curto que o habitual. Em casa, os banhos semanais devem ser feitos
com água morna, pois a água muito fria pode causar choque térmico. Por fim, use
apenas a toalha para secar animais de pelo curto, e o ar frio do secador para
os de pelo longo.
ATENÇÃO!
Se o animal mostrar-se
inquieto, permanecer com a respiração ofegante e apresentar língua levemente
arroxeada, mesmo após as tentativas caseiras de resfriá-lo, leve-o
imediatamente ao veterinário, mantendo-o envolto em uma toalha molhada com água
fria e, no carro, posicionado em frente à saída do ar-condicionado. “Em
condições normais, a temperatura corporal não ultrapassa 39,5 graus. Se ela
chegar a 40 graus, porém, só a respiração poderá ser insuficiente para resfriar
o animal. Nesse caso, ele talvez precise de aplicação de soro refrigerado na
veia ou até necessite ser sedado e entubado”, explica o veterinário Marcelo
Quinzani.
Cuidado com o sol!
O câncer de pele não é
exclusivo dos seres humanos. A exposição prolongada ao sol é responsável pela
incidência de câncer de pele em cães e, principalmente, em gatos — os bichanos
são mais propensos em razão do hábito de passar horas tomando banhos de sol.
Como os danos dos raios ultravioleta são cumulativos, a maioria dos casos
envolve animais idosos.
Sintomas: a doença começa
como uma manchinha avermelhada na pele e se torna uma ferida que não cicatriza
ou, se cicatriza, volta logo em seguida.
Áreas mais afetadas:
regiões do corpo com pelagem menos densa. Nos gatos, as lesões malignas tendem
a surgir nas pálpebras, no focinho, na parte interna das orelhas e na região
entre os olhos e as orelhas. Nos cachorros, a área de risco é o abdômen.
Prevenção: é possível
proteger as áreas de pouca pelagem com protetor solar FPS 30 tradicional, desde
que sem perfume e hipoalergênico. Como os gatos têm o hábito de se lamber
constantemente, o ideal seria evitar os longos banhos de sol.
Tratamento: consiste na
remoção cirúrgica ou na crioterapia, em que a lesão é queimada com nitrogênio
líquido. Parece simples e até pode ser, quando ela surge na barriga. Nos gatos,
porém, a doença afeta pálpebras, orelhas e focinho, o que pode resultar em
deformação da face. Vale frisar que, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores
são as chances de cura.
Raças com maior risco de
desenvolver a doença: animais de pelagem curta e branca. Como os tumores
malignos costumam aparecer na cabeça, gatos e cães bi e tricolores, como fox
paulistinha, bull terrier e whippet, também podem desenvolver a doença.
Dieta sem riscos
É difícil resistir à
carinha de carente do cachorro diante de uma guloseima, não? Quando o alimento
em questão for chocolate, ignorá-lo é a opção mais segura. O chocolate contém
duas substâncias estimulantes que afetam o sistema nervoso central e fazem
muito mal ao bicho de estimação: teobromina e cafeína. “Dependendo da
quantidade ingerida, o chocolate pode causar vômito, diarreia, arritmia ou
convulsão em cães e gatos”, diz Tatiane Marry Sipriani, clínica-geral do Koala
Hospital Animal, em São Paulo. Quanto maior a concentração de cacau, maior o
perigo para o bichinho. Veja outros alimentos que podem ser tóxicos para eles:
Uva: estudos apontam que a
ingestão regular da fruta pode ser responsável por casos de insuficiência renal
em cães e gatos
Derivados de leite: para
alguns animais, sorvete, iogurte e outros produtos com lactose podem provocar
vômito e diarreia
Alho e cebola: o consumo
regular de comida temperada com alho e cebola pode afetar a produção de
glóbulos vermelhos e levar à anemia.
Fonte:
Daniela Macedo-Revista Veja - 12/01/2014