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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Tentativa de intimidação, Líder culpa tribunal por atraso em obras


Distrital pede ao Ministério Público que investigue razões para seguidas suspensões de licitações pelo TCDF



Os atrasos causados por ações do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) em obras e projetos do governo foram denunciados ontem pelo deputado Chico Vigilante (PT), que protocolou cinco representações contra o tribunal no Ministério Público. Em função disso, o parlamentar, um dos principais defensores da gestão Agnelo Queiroz e líder do bloco do PT, questionou a autoridade da Corte para fiscalizar os gastos públicos do Executivo. ...

“Com relação às obras, o tribunal não tem corpo técnico para fazer a fiscalização que ele diz que faz. Aí eles ficam chutando. E como não têm base de
fiscalização, suspendem as obras. Quem é paga o preço disso? A sociedade. A obra mais cara que existe é a obra parada", criticou Vigilante. Ao deixar o Ministério Público, o distrital assegurou que não agiu sob orientação do Buriti.

“Quero é que o tribunal aja dentro da lei. Não podemos ter um tribunal ao arrepio da lei. Eles (o TCDF) não podem continuar dizendo que estão exigindo o cumprimento da lei quando eles não cumprem", afirmou.

Vigilante afirmou que não considera corretas medidas adotadas pela corte. Um exemplo, segundo o parlamentar, é a questão dos terminais de ônibus. Ele considera que os argumentos da Corte para a suspensão do projeto estão distantes do princípio da economia. “O que o tribunal quer? Ele quer que os estacionamentos dos terminais sejam feitos de concreto e não de asfalto. Isso vai triplicar o preço dos terminais", alegou.

SUSPENDER PAGAMENTOS

Outra decisão do tribunal mal avaliada pelo parlamentar foi a determinação para que a Secretaria de Saúde suspendesse os pagamentos na construção de novo complexo de saúde de Ceilândia. “Então os operários vão viver como? Trabalhando sem receber? Mas não foi por isso que eu movi as ações no Ministério Público. Quero mostrar é que o tribunal age com dois pesos e duas medidas", acusou.

Excesso de gasto em xeque

Dentre as cinco representações entregues ao Ministério Público, uma questiona o reajuste salarial concedido aos servidores do TCDF.

“O tribunal mandou um projeto para o reajuste dos servidores dizendo que o reajuste é de 5%. Só que depois eles fizeram uma reestruturação inter na e esse aumento, que seria de 5%, passou para 47% a 65%, mais retroativos”, denunciou.

Pelos cálculos de Vigilante, essa mudança fará com que só de retroativos o tribunal tenha que pagar cerca de R$ 50 milhões. “Tem servidor que vai receber até R$ 100 mil de retroativo”, emendou. A Lei de Diretrizes Orçamentárias proíbe este tipo de retroatividade.

Nas demais representações, o parlamentar questiona: o grande volume de venda de férias seguidas da concessão de recessos; o excesso de pagamentos de despesas de exercícios anteriores; o pagamento indevido de quintos e décimos para servidores; e falta de legislação local que fixe o salário dos conselheiros.

Tudo de acordo com a lei

O presidente do TCDF, Inácio Magalhães, afirma que a Corte está agindo dentro da legalidade em todos os itens. Com relação às vendas de férias e recessos, o presidente diz que segue previsões normativas do Judiciário. Quanto aos pagamentos de exercícios anteriores, ele afirma que são decorrentes de ações judiciais impostas por servidores.

Em relação aos quintos e décimos, Magalhães conta que o tribunal segue todas as decisões judiciais. “A Constituição estabelece que os conselheiros do Tribunal de Contas tenham salário equiparado ao dos desembargadores do Tribunal de Justiça. Quer lei maior que essa?”.

Sobre os salários dos servidores, o presidente explica que o TCDF tem orçamento para pagá-los e aguardará a posição do Ministério Público.

VERSÃO OFICIAL

O presidente do TCDF, conselheiro Inácio Magalhães, nega que a Corte esteja intensificando ações que levem à suspensão de obras do GDF. Segundo Magalhães, o número de licitações suspensas do Executivo vem caindo ano a ano. Passaram de 61,76% em 2008 para 44,8% no ano passado. “Os objetivos do Tribunal de Contas e do GDF são os mesmos. Não podem ser diferentes. Mas cada um tem o seu papel”, disse. O presidente acrescentou que o TCDF faz cursos de capacitação dos servidores do GDF justamente para evitar falhas na formulação de licitações. “Nossa política é pedagógica. Não é a da suspensão. Queremos é que tudo dê certo”, concluiu.

NÚMEROS DE VIGILANTE

R$ 20,3 milhões foram gastos em férias vendidas de 2007 a 2012 pelo TCDF

R$ 185 milhões foram pagos pelo TCDF a servidores por exercícios anteriores

65% deverá ser o reajuste dado a servidores do TCDF



Fonte: Jornal de Brasília / Edson Sombra - 24/01/2013