Páginas

sábado, 10 de novembro de 2012

O desabafo de um praça indignado


Em carta enviada ao blog, um policial militar desabafa sobre a situação da corporação e relata as insatisfações da categoria com a atual gestão do DF


 “Comandante Geral,

Por favor, não me represente, não diga que nós estamos trabalhando quando na verdade você sabe que todos estão insatisfeitos, seja com seu comando seja com este governo. ...
Comandante Geral, por favor, não me represente, quando afirma que estou trabalhando com afinco e motivado, quando na verdade estou doente, endividado e para meus filhos até livros faltaram este ano. Comandante Geral, por favor, não me represente quando diz que éramos somente 300 policiais na praça quando fazíamos nosso movimento reivindicatório. Aprenda ao menos a contar, tenha pelo menos a dignidade de admitir os 3000 policiais
insatisfeitos que lá se encontravam. Comandante Geral, por favor, não me represente ao soltar notas soltas e sem ponta pela mídia, seja com operações malucas de policiamento, ou seja, com sistemas inteligentes de contato com a polícia e comércio que nunca funcionam. Tudo isso é balela, isso é antigo e não funciona. Comandante Geral, por favor, não me represente ao dizer que você é o “único” representante da categoria. Saiba que nunca o foi. Agora, comandante geral,me represente quando um oficial da Polícia Militar for acusado de abuso sexual e seu processo correr dentro de uma gaveta. Me represente, comandante geral, quando um colega vir a falecer lutando para aumentar sua renda familiar e o senhor o acusar de “bico”. Comandante-geral, me represente ao ir à mídia dizer que todos os quartéis estão caindo aos pedaços e que o melhor seria investir o dinheiro desta mudança de farda, ridícula, em melhorias nas instalações. Comandante-geral, me represente ao dizer que pintar viatura é a coisa mais inútil que se poderia fazer diante de toda falta de perspectiva e de todos os problemas que os praças têm hoje em dia. Comandante-geral, me represente ao ir até o governador e dizer que não se acha merecedor de R$ 32 mil reais de salário enquanto seu praça arrisca a vida dia e noite ganhando apenas R$ 4,2 mil ao mês. Comandante-geral, não nos ameace com regulamentos antigos e arcaicos como se você fosse um deus, pois quem está na rua arriscando a vida somos nós, e não o senhor”.

* Escrito por um policial militar que, por motivos contidos no RDE, não podemos revelar a sua identidade.

Fonte: Leitor do blog - 09/11/2012