Com
apoio do Palácio do Planalto, os deputados e senadores governistas da CPI do
Cachoeira farão nova ofensiva na tentativa de levar o procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, ao palco da investigação parlamentar.
Desta vez, porém, integrantes
da comissão estão prontos para convocá-lo, o que deve ocorrer em breve. Segundo
a Folha apurou, a operação conta com o aval do
governo que, assim como o PT, reprova a conduta do procurador.
Nos bastidores, ministros e
petistas questionam o fato de Roberto Gurgel não ter aberto nenhum procedimento
contra o senador Demóstenes Torres (GO) em 2009, ano em que recebeu o inquérito
da operação Vegas da Polícia Federal. Ocorre que o procurador não fez a
denúncia nem pediu novas diligências à PF para elucidar a participação do
senador.
A operação Monte Carlo, que
desmantelou o esquema Cachoeira no início deste ano e prendeu 34 envolvidos, é
justamente um desdobramento da Vegas.
Anteontem, Gurgel recusou um
convite para falar do caso na CPI. Disse estar impedido de prestar depoimento
na comissão porque não pode se tornar testemunha no processo. Sobre não ter
tocado o processo contra Demóstenes, alega que, em 2009, não havia elementos
suficientes para levar o caso adiante.
Ontem, Gurgel buscou apoio de
parlamentares da oposição para tentar barrar a pressão da bancada governista.
Pela manhã, recebeu em seu gabinete os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB)
e Álvaro Dias, líder tucano no Senado, durante cerca de uma hora.
À tarde, já no Senado, numa
demonstração de que o apelo surtiu efeito, Álvaro Dias combateu a pressão pela
presença de Gurgel na CPI, defendendo que isso poderia prejudicar as funções do
procurador.
Segundo a assessoria técnica
da CPI, mesmo que convocado, Gurgel pode recorrer ao Supremo para não ter de
comparecer à comissão.
O procurador-geral, conforme
a Folha apurou, teme o que classifica como estratégia
do PT de usar a CPI como instrumento para tentar constrangê-lo. Seria uma
retaliação contra a atuação dele no processo do mensalão, que deve ser julgado
neste ano pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Fonte:
Folha 04/05/2012